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A comédia humana – Instituto Moreira Salles

Há uma coisa que realmente consiga levantar o ânimo do público e impulsionar a bilheteria do cinema nacional: uma boa comédia popular. É exatamente isso que acontece com “Minha irmã e eu”, dirigido por Susana Garcia, que já foi assistido por mais de 750 mil pessoas e provavelmente alcançará a marca de um milhão de ingressos vendidos.

Uma comédia de sucesso é aquela que consegue equilibrar originalidade e clichê. Ela precisa surpreender, sem perder a capacidade de se comunicar com o público médio. Para isso, é fundamental estar conectada com o espírito do tempo, suas inquietações, tensões, mitologia e linguagem. “Minha irmã e eu” cumpre esses requisitos de forma bastante eficaz.

A trama parte de um encontro clássico: duas irmãs de vidas e personalidades distintas se reencontram para comemorar o aniversário da mãe idosa (Arlete Salles). A irmã mais velha, Mirian (Ingrid Guimarães), vive no interior de Goiás, levando uma vida tediosa de acordo com as expectativas da sociedade. Já a mais nova, Mirelly (Tatá Werneck), mora no Rio de Janeiro, onde cuida de animais de estimação de celebridades e se apresenta como amiga íntima delas.

A partir do desaparecimento da mãe, uma série de situações inusitadas dá origem a uma comédia de erros. A busca pela mãe desaparecida leva as irmãs a refletirem sobre suas respectivas vidas, enquanto o filme brinca com temas da cultura contemporânea, como a obsessão por celebridades e a realidade forjada pelas redes sociais.

A direção de Susana Garcia destaca-se pela habilidade em evidenciar a química entre as duas atrizes protagonistas, além de criar momento de humor visual notável. A interação divertida com figuras reais, como Lázaro Ramos, Iza, Chitãozinho e Xororó, é outro ponto alto da produção. Em seus melhores momentos, o filme mergulha no clichê para ironizá-lo em seguida, o que resulta em situações inesperadas e divertidas.

A conciliação final do filme não implica um retorno edulcorado a uma situação artificialmente feliz, mas sim uma ruptura com o passado e a abertura para novas possibilidades para as três mulheres. O resultado é uma mensagem de empoderamento feminino, que distancia o longa-metragem das armadilhas comuns das comédias populares que reforçam preconceitos e estereótipos.

No geral, “Minha irmã e eu” é uma comédia que, mesmo sem reinventar a roda, conquista o público pelas qualidades, como diálogos certeiros, ótimo desempenho das protagonistas e humor inteligente. Sua habilidade em conciliar inovação e clichê garante que o filme se destaque entre as produções do gênero.

https://ims.com.br/blog-do-cinema/minha-irma-e-eu-por-jose-geraldo-couto/