A decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) trouxe mais clareza e estabilidade após o cenário conturbado causado pelo desacordo entre os membros na decisão de maio. De acordo com a consultoria A.C. Pastore & Associados, essa decisão também pode resultar em um possível fortalecimento do real no curto prazo. O Copom optou por manter a Selic em 10,5% nesta quarta-feira, 19 de junho.
Os economistas Maria Cristina Pinotti, Alexandre Schwartsman, Diego Brandão, Matheus Ajzenberg e Rafael Coqueijo ressaltam, em relatório, que parte da desvalorização recente do real estava ligada às preocupações com uma política monetária mais flexível a partir de 2025, com a mudança de presidente do Banco Central.
“Apesar de a maioria esperar por uma decisão unânime em junho, havia o risco de um novo desacordo, que, uma vez eliminado, pode resultar em um fortalecimento da moeda, embora provavelmente não alcance os níveis anteriores”, afirmam.
Além disso, a decisão do Copom ajuda a dissipar parte das preocupações surgidas após as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na terça-feira, 18. Lula afirmou que o próximo presidente do BC será alguém que não ceda às pressões do mercado, o que foi interpretado como um aviso aos diretores indicados pelo governo, especialmente Gabriel Galípolo (Política Monetária), cotado para assumir o cargo na autarquia.
“A unanimidade na decisão pode diminuir a desconfiança do mercado em relação ao diretor de Política Monetária, caso ele seja, de fato, nomeado para o cargo”, destacam os analistas da A.C. Pastore.
No entanto, a consultoria alerta que as declarações de Lula mantêm a incerteza em relação a uma política monetária menos comprometida com a meta de inflação a partir de 2025. “A questão da sucessão no BC continua em aberto, assim como a possibilidade de adotar medidas para reverter a preocupante situação fiscal do país”, afirmam.
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