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Americanas pretende encerrar mais 80 unidades até 2024 e vender a fintech Ame

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Americanas está planejando uma redução significativa de sua presença física, com previsão de fechar cerca de 80 pontos de venda durante este ano. A empresa varejista, que entrou em recuperação judicial em janeiro de 2023 após a divulgação de uma fraude contábil de R$ 25 bilhões, atualmente possui aproximadamente 1.680 lojas e pretende chegar a 1.600 até o final do ano, segundo o presidente da companhia, Leonardo Coelho.

“Além disso, estamos considerando inaugurar dez novas lojas até o final do ano para impulsionar o crescimento da empresa”, acrescentou Coelho.

Para levantar capital e se concentrar em seu novo público-alvo -homens e mulheres das classes B e C-, a Americanas está desinvestindo em algumas áreas, como a venda da rede de hortifrútis Natural da Terra, da Único (franquias de Puket e Imaginarium) e até mesmo da fintech Ame Digital.

Em relação à possível venda da Ame Digital, Coelho mencionou que a empresa está avaliando a possibilidade de um novo parceiro, caso exista uma proposta interessante.

Nesta segunda-feira (26), a Americanas divulgou os resultados do primeiro trimestre de 2023, após adiar a divulgação por três vezes. O balanço do quarto trimestre do mesmo ano está programado para ser divulgado no próximo dia 26 de março.

A 4ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro homologou o plano de recuperação judicial da Americanas nesta segunda-feira. O plano havia sido aprovado pela maioria dos credores no final de 2023.

Em termos do número de lojas, o grupo possuía 1.880 pontos de venda em janeiro do ano passado, e atualmente possui 1.748 lojas, o que representa uma redução de 7% não apenas na bandeira Americanas, mas também na Local (lojas de conveniência) e na rede de hortifrútis Natural da Terra.

O fechamento de 132 lojas durante um ano equivale a aproximadamente uma loja sendo encerrada a cada três dias.

“As lojas que estão previstas para fechar este ano não estão contribuindo positivamente para a empresa, especialmente as unidades de menor porte”, afirmou Coelho, que está em busca de oportunidades de crescimento para a varejista.

MAIS ESTRATÉGIAS DE VENDAS E OFERTAS NAS LOJAS

“O perfil da Americanas nos próximos dois anos será mais enxuto do que era anteriormente”, destacou Coelho. A nova estratégia da “nova Americanas” tem foco nas classes B e C, acima de 18 anos.

Com isso, a empresa está retirando os eletroeletrônicos e os eletrodomésticos das lojas para dar mais destaque a produtos como guloseimas, artigos de higiene e beleza de marcas populares e outros itens de conveniência.

“Introduzimos a venda de lâmpadas, por exemplo, e nossa participação de mercado aumentou de 0% para 12%”, explicou Coelho. A Americanas também está investindo em marcas próprias que oferecem qualidade a preços competitivos.

Os produtos premium serão disponibilizados no marketplace, por meio de lojistas parceiros (“sellers”). “Nas lojas físicas, não teremos iPhones ou Galaxys da Samsung. Esses modelos estarão disponíveis no site, enquanto nas lojas físicas serão oferecidos celulares com preços mais acessíveis”, afirmou.

A nova estratégia da Americanas inclui a implementação de mais promoções nas lojas, com destaque diário para os itens com os maiores descontos em comparação com a concorrência.

Apesar da queda de 77% nas vendas online nos primeiros nove meses de 2023 em comparação com o mesmo período do ano anterior, as vendas nas lojas físicas tiveram uma redução de apenas 4%.

“Isso mostra o quanto a Americanas é uma marca forte e possui uma base de clientes fiéis”, afirmou Coelho. “Perdemos vendedores no marketplace, mas aqueles que permaneceram estão vendendo cada vez mais.”

Um dos desafios da recuperação judicial da empresa é integrar a cultura organizacional da Americanas. “Antes havia silos separados na empresa que não se comunicavam: físico, digital, publicidade e Ame”, explicou Coelho.

A empresa passou a realizar reuniões semanais entre as diferentes áreas e aqueles que não se adaptaram acabaram deixando a empresa, conforme relatou o executivo.

De acordo com André Pimentel, sócio da consultoria Performa Partners, é necessário aguardar os resultados do último trimestre de 2023 para ter uma avaliação mais precisa da situação da empresa.

“Foi um período muito desafiador para o varejo como um todo, com baixo desempenho nas duas principais datas, Black Friday e Natal”, destacou. Além disso, o preço do cacau está em alta, o que pode impactar a produção para a Páscoa -um período importante para a Americanas.

Pimentel observou que a redução dos custos ainda não foi suficiente, com um total de R$ 4,1 bilhões em despesas de vendas gerais e administrativas nos primeiros nove meses de 2023, uma queda de 7,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. “Isso está aquém do necessário”, ressaltou.

Segundo a Americanas, as despesas relacionadas à reestruturação, como o fechamento de lojas e centros de distribuição e demissões, impactaram o balanço. No entanto, o prejuízo operacional nos primeiros nove meses de 2023 foi de R$ 2,4 bilhões, praticamente estável em comparação com o prejuízo operacional de R$ 2,5 bilhões no mesmo período do ano anterior. “Isso indica que a operação ainda não está equilibrada”, concluiu Pimentel.

https://gazetadesorocaba.com/americanas-pode-fechar-mais-80-lojas-em-2024-e-vender-fintech-ame/