Se o filme “Anatomia de uma queda” é considerado um “filme de tribunal”, a diretora Justine Triet fez questão de quebrar as barreiras desse gênero ao questionar as noções de justiça, objetividade e verdade. A narrativa é um verdadeiro quebra-cabeças que nos leva a buscar respostas para um acidente, suicídio ou assassinato, mas deixa o espectador em constante dúvida.
Os peritos convocados para reconstituir os eventos no tribunal baseiam suas teorias em julgamentos pré-estabelecidos, mostrando que a técnica não é neutra. Além disso, o filme expõe o moralismo reinante, o sensacionalismo da mídia e os impulsos ressentidos da sociedade, desafiando o espectador a buscar uma explicação tranquilizadora.
A diretora ilustra a parcialidade da percepção humana por meio de flashes de memória que constroem cenas incompletas, e a deficiência visual do menino pode ser vista como a metáfora da limitação do ser humano em compreender a realidade. O filme também desafia a percepção do público sobre a música, que é usada como um elemento perturbador, e o elenco excepcional complementa a obra, que conquistou a Palma de Ouro em Cannes e concorre à diversos prêmios. Este é verdadeiramente um dos maiores filmes dos últimos tempos.
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