Júlia Moura, uma residente de São Paulo, destaca que, apesar da reação positiva no mercado financeiro hoje, a perspectiva de um corte nas taxas de juros nos Estados Unidos em setembro não mudou as previsões dos economistas para o Brasil. A maioria espera que a taxa Selic permaneça em 10,50%, enquanto alguns ainda preveem uma taxa de juros acima de 11% até o final do ano.
Os especialistas explicam que o cenário continua o mesmo pois os cortes nas taxas de juros nos EUA já eram considerados nas projeções feitas anteriormente. No entanto, uma possível desvalorização do dólar em relação ao real e uma redução na curva de juros podem ajudar a diminuir as expectativas de inflação e a pressão sobre os preços.
Nos últimos 12 meses, a inflação atingiu o teto da meta, com um aumento de 4,50%, levando muitas instituições financeiras a apostarem em um aumento na taxa básica brasileira já em setembro. O BTG, por exemplo, espera um aumento para 11,75% ao ano, devido à resiliência da atividade econômica no Brasil.
Com a economia brasileira apresentando baixo desemprego e aumento real nos salários, mesmo com uma taxa restritiva de 10,50%, os preços estão subindo. A perspectiva é que a economia continue em expansão, com previsão de crescimento do PIB de 2,23% e inflação de 4,22% este ano.
As projeções do mercado são semelhantes, com a XP também prevendo uma Selic em 11,75% no final do ano. No entanto, o risco fiscal e a perspectiva de aumento da inflação são preocupações para o Banco Central.
A incerteza está principalmente relacionada à saúde econômica dos EUA, com receios de uma possível recessão devido à recente alta inesperada na taxa de desemprego. Um corte maior nas taxas de juros pelo Federal Reserve pode indicar preocupações com a economia americana e aumentar o risco de uma recessão global.
As expectativas de inflação são fundamentais, impactando os preços e criando uma profecia autorrealizável. Para os economistas, o maior desafio no momento é controlar as expectativas de inflação descontroladas.
Enquanto algumas instituições preveem um aumento na Selic em setembro, outras acreditam que a taxa permanecerá estável em 10,5% até o final do ano. O cenário econômico exterior influencia diretamente no mercado brasileiro, mas a situação interna também é determinante para as decisões do Banco Central.
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