NOVA YORK, EUA (REUTERS) – Os recentes dados do boletim InfoGripe, divulgados nesta quinta-feira (11) pela Fiocruz, evidenciam um aumento significativo na incidência do VSR (vírus sincicial respiratório) em todo o território brasileiro, especialmente afetando as crianças. De acordo com as informações apresentadas no boletim, os registros de Srag (síndrome respiratória aguda grave) têm demonstrado um crescimento moderado tanto nas tendências de longo prazo (últimas 6 semanas) quanto de curto prazo (últimas 3 semanas).
O vírus sincicial respiratório é reconhecido como o principal agente causador da bronquiolite em bebês, uma condição respiratória comum e altamente contagiosa, caracterizada por sintomas como tosse e dificuldade respiratória. Embora na maioria dos casos os sintomas sejam leves, há casos que necessitam de hospitalização para tratamento adequado.
Os casos de Srag causados pelo VSR em crianças com até dois anos de idade superam a prevalência de Srag associada ao Covid nessa faixa etária. Enquanto a incidência de Covid tem impacto mais expressivo em crianças e idosos, é importante ressaltar que em termos de fatalidade, a população acima de 65 anos é a mais afetada.
Segundo Marcelo Gomes, pesquisador do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz) e líder do InfoGripe, “nas últimas oito semanas epidemiológicas, o número de óbitos relacionados ao VSR em crianças menores de dois anos supera os óbitos associados ao Covid, refletindo o cenário da circulação viral durante esse período”.
O boletim ainda destaca que 18 estados brasileiros apresentam um aumento constante de Srag no longo prazo, incluindo Acre, Alagoas, Amazonas, Amapá, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. Já estados como Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e Sergipe apresentam crescimento apenas em crianças pequenas, o que pode ser mascarado pela queda nos casos em adultos.
No ano de 2024, foram reportados 29.702 casos de Srag, dos quais 12.903 (43,4%) resultaram positivos, 11.545 (38,9%) negativos e 3.392 (11,4%) aguardam resultados laboratoriais. Nas últimas quatro semanas, os vírus mais prevalentes entre os casos positivos foram o VSR (48,6%), Covid-19 (21,9%), Influenza A (18%) e Influenza B (0,3%). Em relação aos casos fatais associados a vírus respiratórios, destacam-se influenza A (25%), influenza B (0%), VSR (11,2%) e Covid-19 (60,6%).
Grandes cidades como São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro registram um aumento nos casos de gripe. Em São Paulo, por exemplo, houve um aumento de 3,7 pontos percentuais na positividade de 27,4% para 31,1% em apenas uma semana, entre os dias 24 de março e 6 de abril. A mesma tendência foi observada em Brasília e no Rio de Janeiro, que apresentaram aumentos de 7 e 2,6 pontos percentuais, respectivamente, no mesmo período.
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