Atriz faz parte do elenco de um drama premiado no prestigiado evento francês.
O Festival de Cannes 2024 já chegou ao fim, mas alguns artistas brasileiros que participaram do renomado evento ainda estão compartilhando suas experiências com nossa redação. Dessa vez, a profissional em destaque é Ana Flavia Cavalcanti, atriz que faz parte do elenco de Baby (2024), um projeto nacional dirigido por Marcelo Caetano e premiado na seção Semana da Crítica do festival. Após explorar a Boulevard de la Croisette, desfilar no tapete vermelho, assistir ao filme em que estava envolvida e retornar ao Brasil, ela tem muitas histórias para compartilhar. Continue lendo para descobrir um pouco do que ela trouxe de volta na bagagem!
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Embora seja uma estreante em Cannes, Ana Flavia tem uma conexão especial com os franceses, pois morou no país em 2011, onde estagiou no Théâtre Du Soleil. Ao mesmo tempo, trabalhou como garçonete para perseguir o sonho de se tornar atriz. Agora de volta à França – com a bagagem de experiência cinematográfica e televisiva que acumulou ao longo dos anos 2010 no Brasil – ela descreve o festival como algo “bastante comercial”. “Fiquei um pouco surpresa (risos). Já estive em vários festivais de cinema no Brasil e no exterior, como em Roterdã e Berlim, mas foi em Cannes que encontrei o cinema em todos os lugares! Muitas negociações… aliás, vi muitos profissionais discutindo mais sobre os filmes em desenvolvimento do que os projetos já selecionados para 2024. Parece que o filme presente em Cannes já está ‘garantido’ e agora é hora de pensar no futuro”, revela ela.
Em seguida, a atriz compartilhou sua percepção sobre as pessoas e o glamour do evento. “Parece um filme, na verdade. Caminhar pela Croisette é engraçado, sempre parece que uma princesa está prestes a chegar a qualquer momento… alguém com um visual de festa… de gala. Por exemplo, para assistir aos filmes da competição, você precisa estar em traje de gala, não basta estar bonita, tem que ser de gala (risos)”, comenta.
REFLEXÕES CRÍTICAS
Enquanto aproveitava as vantagens de estar presente no evento, Ana Flavia também fez questão de mencionar questões sensíveis que a afetaram durante sua estadia. “Às vezes tenho dificuldade de apenas curtir. Logo entro em reflexões críticas, como o racismo estrutural, você sabe? Viajei com minha mãe há alguns anos para a França. Nos divertimos muito. Mas ela foi a única da minha família, além de mim, a sair do Brasil. Essas questões me impactam profundamente. Aí penso: colonialismo! (de forma moderada). É algo que mexe com a cabeça”, desabafa.
No entanto, a atriz reconhece a importância de marcar presença nesses espaços do ponto de vista da representatividade, como uma forma de demarcação. “Minha ida para lá tem um impacto naqueles que me seguem… que gostam de mim. Isso também é relevante. Acredito que podemos transformar os espaços com nossos corpos. A presença é poderosa e o filme aborda justamente isso. São predominantemente corpos negros na tela. Corpos queer que existem. Estamos lutando para existir”, destaca.
O QUE ESPERAR DE BABY?
Dirigido pelo mesmo cineasta de Corpo Elétrico (2017), onde Ana Flavia também atuou, Baby segue a trajetória de um jovem (João Pedro Mariano), apelidado de Baby, recém-saído de um centro de detenção para jovens, que se vê perdido nas ruas de São Paulo. Durante uma visita a um cinema especializado em produções pornográficas, ele conhece Ronaldo (Ricardo Teodoro), um garoto de programa que tem Baby como seu protegido e está determinado a ensinar-lhe as artimanhas da vida e novas formas de sobrevivência. A partir desse encontro, os dois iniciam uma relação tumultuada, marcada por conflitos entre exploração e proteção, ciúmes e cumplicidade. Sobre seu papel no filme, Ana Flavia descreve sua personagem, Priscila, como parceira de Jana (Bruna Linzmeyer), formando um casal “à primeira vista, disfuncional”. “Minha personagem foi casada com Ronaldo, um homem que ganha a vida vendendo seu corpo, e eles tiveram um filho. Mais tarde, Priscila se casa com Jana e, nesse submundo sombrio, o espectador encontrará no ambiente criado pelo casal de mulheres algo luminoso e acolhedor. Nesse cenário reconfortante, Baby busca em Priscila uma figura materna”, explica.
Vale ressaltar que Baby – ainda sem data de estreia no Brasil – foi premiado em Cannes como Ator Revelação da Semana da Crítica para Ricardo Teodoro. Abaixo, confira alguns trechos da entrevista com Ana Flavia.