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Diretor do BC aponta preocupação com inflação acima da meta

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, destacou hoje que a preocupação com as projeções de inflação para 2025 e 2026 não se limita apenas ao patamar acima da meta, mas também à duração em que elas estão desalinhadas. Guillen marcou presença na 11ª edição da Annual Brazil Macro Conference, promovida pelo Goldman Sachs.

Ele explicou que esse cenário gera um alerta errôneo que acaba se refletindo em uma reindexação de salários e impactando a definição de preços. O diretor enfatizou que um dos efeitos das projeções desalinhadas é a necessidade de juros em um patamar contracionista.

Guillen também observou que as expectativas para o próximo ano e o subsequente estão acima da meta de inflação há mais de 30 semanas.

Ao discorrer sobre a evolução da desinflação, o diretor do BC ressaltou a inflação de serviços e mencionou que houve uma certa queda seguida de estabilização na abertura do índice.

Além disso, Guillen reiterou a importância, conforme comunicado pelo Comitê de Política Monetária (Copom), da evolução do hiato e do mercado de trabalho para a trajetória de desinflação.

Guidance futuro

O diretor de Política Econômica do Banco Central afirmou que a instituição irá avaliar a utilização do instrumento “forward guidance” adiante. O BC tem sinalizado que considera apropriadas novas reduções da taxa Selic em 0,5 ponto percentual nas “próximas reuniões”, no plural, referindo-se aos dois encontros subsequentes.

Guillen enfatizou a necessidade de avaliar se a incerteza aumentou e se o “forward guidance” ainda é válido ou se não faz mais sentido. Ele destacou que o instrumento de comunicação do BC é condicional e depende da concretização do cenário esperado pela instituição.

Em relação à expectativa para a taxa Selic ao final do ciclo, Guillen se absteve de fornecer detalhes, salientando o compromisso de atingir a meta como fator determinante.

Ele também abordou o debate local sobre a relação entre atividade econômica e inflação a curto prazo, bem como os impactos globais nas políticas monetárias, identificando-os como desafios para o BC.

Consensos globais

O diretor do Banco Central reafirmou que há um consenso entre os países sobre o início dos processos de afrouxamento monetário, com debates sobre se as taxas finais serão contracionistas ou não. A maioria dos países, segundo ele, já iniciou cortes ou está discutindo o momento adequado para começar.

Guillen ressaltou a importância de realinhar as expectativas de inflação no horizonte e reconheceu que a velocidade de desinflação pode variar, dependendo da política monetária e do cenário doméstico de inflação e atividade econômica.

Ele observou que a taxa de juros real no Brasil é alta e recomendou o uso da taxa neutra dos países para comparações, evitando distorções na análise.

Cenário externo

Guillen destacou que o cenário internacional tem mostrado um crescimento que não desacelera significativamente. Ele expressou ceticismo sobre um “soft landing” nos Estados Unidos e destacou a resiliência do consumo tanto no Brasil quanto nos EUA.

O diretor mencionou que as previsões do mercado indicam um aumento nas expectativas de crescimento para os EUA em 2024 e 2025, enquanto na Europa essa tendência não é clara e na China as revisões foram para baixo.

Reformas e PIB potencial no Brasil

Guillen também mencionou que as reformas econômicas recentes podem ter elevado o PIB potencial do Brasil, mas quantificar esse impacto é desafiador devido aos efeitos da pandemia de covid-19. Ele ressaltou a importância das reformas para impulsionar o crescimento potencial e alocar recursos de forma mais eficiente.

Fonte: Notícias Ao Minuto

https://gazetadesorocaba.com/preocupacao-com-expectativas-de-inflacao-e-com-nivel-e-tempo-acima-da-meta-diz-diretor-do-bc/