Retrospectiva Coutinho 90
Este artigo faz parte da retrospectiva Coutinho 90, que celebra o trabalho do cineasta Eduardo Coutinho em um evento que pode ser visto no site do IMS.
Apresentação
Thiago Gallego
Ao final dos anos 1960 e início dos 1970, Eduardo Coutinho dirigiu o filme Faustão, seu segundo longa-metragem de ficção. Esse projeto fazia parte da produtora Saga Filmes, que tinha o objetivo de realizar quatro longas-metragens de cangaço no Nordeste, cada um com uma equipe e elenco iguais, mas quatro diretores diferentes. No entanto, a produção enfrentou muitos problemas, incluindo salários atrasados e uma greve da equipe. Após o fracasso de bilheteria de Faustão, a Saga Filmes faliu, e Coutinho acabou sem pagamento pelo filme.
Desiludido, ele deixou a carreira cinematográfica, trabalhou por um tempo na revista Realidade e no Jornal do Brasil, onde escreveu sobre filmes estrangeiros em uma série de artigos marcados pela sua agudeza e críticas diretas aos filmes.
Os textos de Coutinho demonstraram suas preocupações com a forma como Hollywood e algumas produções europeias apresentavam um cinema com supostas preocupações sociais. Ele criticou filmes estrangeiros por serem abstratos e superficiais, e fez observações sobre o mercado exibidor brasileiro, que continha filmes importados. Além disso, criticou visivelmente as salas de cinema da Zona Sul do Rio de Janeiro, comentando sobre suas condições.
Embora Coutinho tenha deixado o cinema, realizou o filme Cabra Marcado Para Morrer aos 51 anos, consolidando seu estilo e se tornando conhecido por suas obras. Ele continuou filmando até o fim, falecendo inesperadamente em fevereiro de 2014 aos 80 anos.
A retrospectiva Coutinho 90 começou em maio de 2023, exibindo diferentes momentos e filmes de sua carreira. No entanto, o Cinema do IMS também se destacou, exibindo filmes e momentos menos conhecidos da obra de Coutinho, descentralizando os filmes finais em que ele assinou a direção.
Neste artigo, reproduzimos fragmentos de dois textos de Coutinho: “A melancolia do crepúsculo”, que foi publicado em 1973, e “Filmes-faróis”, publicado em 2007. Ambos os textos oferecem uma visão única do Coutinho crítico e espectador de cinema.
Cena de Ao caminhar entrevi lampejos de beleza, de Jonas Mekas