A exposição “As Câmeras de Bodanzky” está em exibição no IMS Paulista durante o mês de agosto.
Minha paixão por cinema começou com o desejo de ouvir e contar histórias. Nos anos 60, colaborava frequentemente com repórteres alemães, produzindo filmes para a TV. No entanto, logo após entregar os trabalhos, pareciam perdidos para mim. Para registrar essas experiências, comecei a tirar fotos e gravar vídeos em super-8, servindo como um diário visual para mim mesmo.
Recentemente, o IMS digitalizou meu acervo, dando visibilidade a esses registros pessoais. A exposição organizada pelo IMS destaca uma parte do meu trabalho durante os anos de regime militar no Brasil, e a ideia de editar os registros em super-8 surgiu. Com um roteiro cuidadosamente elaborado e uma edição meticulosa, esses vídeos se transformaram em uma jornada pelo meu passado e presente. A trilha sonora adicionada aos vídeos silenciosos originalmente é surpreendente e complementa a experiência.
Pela primeira vez, cerca de 20 filmes dos meus 50 anos de atividade estão sendo exibidos no IMS juntamente com a exposição. No entanto, apesar da alegria de ver esses filmes restaurados, a tristeza surge ao perceber que muitos dos problemas retratados neles ainda são atuais. Ao longo de cinco décadas, questões como trabalho escravo, desmatamento e prostituição infantil só se agravaram.
A falta de consideração pelas comunidades indígenas na Amazônia durante a ditadura militar persiste até hoje. As políticas públicas ignoram saberes tradicionais e práticas sustentáveis, resultando em consequências desastrosas para o meio ambiente e para as comunidades locais.
Agradeço ao IMS por reunir fotografia, cinema e vídeo para expressar minha visão de mundo de forma completa.
https://ims.com.br/blog-do-cinema/cadernos-de-notas-jorge-bodanzky-em-super-8-por-jorge-bodanzky/
