FELIPE SILVA
RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – O jogo entre Fluminense e Vasco, disputado no último sábado (20) pelo Campeonato Brasileiro, teve dois momentos de arbitragem bastante polêmicos. Especialistas ouvidos pelo UOL e ex-árbitros analisaram as jogadas em detalhes na televisão.
Aos 14 minutos do primeiro tempo, Vegetti recebeu um passe cruzado, chutou a gol e a bola bateu no braço de Manoel, que tentava bloquear o chute do jogador do Vasco dentro da área.
O árbitro Wilton Pereira Sampaio deixou o jogo seguir e não foi orientado a revisar o lance no VAR, que estava sob responsabilidade de Rodolpho Toski Marques. Manoel Serapião.
“O Manoel estava completamente envolvido na jogada, o que indica que estava disputando a bola e, portanto, seu braço estava em uma posição natural de movimento. Vegetti também não estava com os braços junto ao corpo. Não foi uma infração, mas a interpretação dos lances no Brasil é sempre complicada. Ressalto que não consigo ver a posição do goleiro: se ele não pudesse defender a bola de forma clara, seria pênalti e cartão amarelo, pois evitaria um gol.”Emidio Marques. “A bola chutada por Vegetti atinge o braço de Manoel de forma acidental, sem intenção. Além disso, Manoel estava com o braço em uma posição natural e abaixado, não levantado. Não houve vantagem injusta criada. A decisão de Wilton foi correta e, de acordo com o protocolo do VAR, não deveria haver interferência, já que a interpretação do que ocorreu em campo é o mais importante.”Guilherme Ceretta. “Eu não teria marcado pênalti porque a bola acertou o braço que estava junto ao corpo. Se tivesse acertado o outro braço, que estava aberto, seria pênalti. A falta de critério deixa todos sem saber o que é realmente correto. O que vão marcar? O que não vão? Estamos apenas na terceira rodada e posso garantir que, ao longo do campeonato, Wilton irá marcar um pênalti nesse tipo de lance.”
Carlos Eugênio Simon, na ESPN.
“Não foi pênalti: Vegetti gira o corpo, chuta e Manoel está tentando recolher o braço. Não fica claro se a bola iria bater na barriga ou não, mas acaba acertando no antebraço. Não foi um gesto antinatural e não foi intencional, portanto não houve pênalti. A observação é que o árbitro de vídeo deveria tê-lo chamado. Wilton deveria ter ido até o campo para analisar o lance.”O que disse Toski no VAR?
“Precisamos ver se essa bola passaria ou bateria no corpo. […] Não vejo um movimento adicional deliberado. Vejo um braço em posição natural. Se a bola não tivesse acertado no braço, teria batido no corpo. Vamos ver por outra câmera. Existe proximidade, ele não estende o braço para trás, a bola acertaria no corpo dele. Tudo checado. A bola acerta no braço, mas não houve um movimento adicional.”
Ganso expulso?
Autor do primeiro gol do jogo, Ganso foi alvo de críticas de torcedores por chutar Matheus Carvalho após uma falta cometida pelo meio-campista do Vasco. Wilton mostrou cartão amarelo para ambos os jogadores e, assim como no lance do suposto pênalti, não foi chamado pelo VAR.
Manoel Serapião.
“O contato foi perna a perna e não foi excessivamente forte, apesar de ter ocorrido fora da disputa da bola. Acho que o cartão amarelo foi a punição adequada.”Emidio Marques. “Foi uma conduta equivalente ao jogo brusco, então a advertência com cartão amarelo foi o correto a fazer. Se considerarmos um chute, como foi o caso, é equivalente a um jogo violento, o que justificaria a expulsão. A ação foi intencional, deliberada e isolada. A bola não estava em disputa, o que torna a conduta violenta. O árbitro deveria parar o jogo e reiniciá-lo com um tiro livre para a equipe adversária. Ganso deveria, necessariamente, ter sido expulso.”
Guilherme Ceretta.
Ganso deveria ter sido expulso, mas Wilton agiu corretamente para manter o controle do jogo. Em certas situações, é preciso pensar no contexto da partida, não apenas no lance isolado. Pela atitude, a expulsão seria justificada, mas levando em consideração o controle do jogo, a decisão foi acertada.”Carlos Eugênio Simon, na ESPN. “É um lance para cartão vermelho, é uma agressão. Ganso recebe uma carga por trás e dá um chute no adversário. É uma conduta violenta. O VAR também deveria ter chamado o árbitro.”Ulisses Tavares. “É um lance delicado. Pelo que pude ver nas imagens, se houve a agressão como reação a uma falta – e fora da disputa da bola – Ganso deveria ter sido expulso.”