NOVA YORK, EUA (AGÊNCIA DE NOTÍCIAS) – A Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) emitiu um comunicado nesta sexta-feira (19) alertando os países membros sobre a possível transmissão do vírus oropouche da mãe para o bebê durante a gravidez, com base em casos identificados recentemente.
Diante da detecção de casos no Brasil, a Opas aconselha reforçar a vigilância devido à probabilidade de ocorrência de situações semelhantes em outras nações com presença do oropouche e outros arbovírus. Até o momento, os casos estão sob investigação.
Entre janeiro e meados de julho de 2024, foram registrados aproximadamente 7.700 casos confirmados de oropouche em cinco países das Américas, com o Brasil liderando as estatísticas (6.976), seguido por Bolívia, Peru, Cuba e Colômbia.
De acordo com a Opas, os indícios de transmissão do vírus da gestante para o bebê surgem em meio ao aumento de casos notificados.
É mencionado o caso recente de uma grávida residente em Pernambuco que manifestou sintomas de oropouche na 30ª semana de gestação.
Após a confirmação laboratorial da infecção, foi comunicado o óbito do feto. Outro caso suspeito, relatado no mesmo estado, também envolvendo uma gestante, resultou em um aborto espontâneo.
O Ministério da Saúde do Brasil está investigando quatro casos de bebês nascidos com microcefalia e que apresentaram anticorpos do vírus.
Os achados até o momento sugerem uma possível transmissão vertical do vírus, porém ainda não é possível afirmar se a infecção durante a gravidez foi a responsável pelas malformações neurológicas nos bebês e pelas mortes dos fetos.
“A investigação da potencial transmissão vertical e suas consequências para o feto está em andamento”, destaca a Opas no alerta epidemiológico. “Essas informações são compartilhadas com os países membros para promover a conscientização sobre a situação e solicitar vigilância para casos similares em seus territórios”, informou.
Nesta terça-feira (18), a Opas divulgou orientações para auxiliar os países na detecção e vigilância do vírus oropouche em possíveis casos de infecção materno-infantil, malformações congênitas ou óbito fetal. A organização está colaborando com os países que registraram casos confirmados para compartilhar conhecimentos e experiências.
Os sintomas da doença incluem febre súbita, dor de cabeça, rigidez nas articulações, dores e, em alguns casos, fotofobia, náuseas e vômitos persistentes que podem durar de cinco a sete dias. Embora o quadro clínico grave seja incomum, pode evoluir para meningite asséptica. A recuperação completa pode demandar várias semanas.
O vírus oropouche é transmitido, principalmente, pela picada do maruim e por espécies do mosquito culex. Descoberto pela primeira vez em Trinidad e Tobago em 1955, desde então foram documentados surtos esporádicos em vários países das Américas, como Brasil, Equador, Guiana Francesa, Panamá e Peru.
DICAS PARA GESTANTES SOBRE FEBRE OROPOUCHE
– Evitar áreas com alta presença de insetos (maruins e mosquitos);
– Instalar telas em portas e janelas;
– Utilizar roupas que cubram o corpo e aplicar repelente nas áreas expostas;
– Manter a limpeza da residência, da área exterior e dos locais de reprodução de animais;
– Recolher folhas e frutos caídos no chão;
– Seguir as orientações das autoridades de saúde locais em caso de confirmação de casos na região para reduzir o risco de transmissão.