O ano cinematográfico começa de maneira promissora com o lançamento do novo filme de Nanni Moretti, intitulado “O melhor ainda está por vir”.
Este trabalho se destaca por sua riqueza e complexidade, tornando-se difícil até mesmo sintetizar sua trama. A narrativa tem início com um filme dentro do filme, no qual o cineasta Giovanni (interpretado por Nanni Moretti) dirige um drama político ambientado em um bairro de Roma, em 1956, associado à seção local do Partido Comunista Italiano, que recebe a visita do Circo Budavari, oriundo de Budapeste. O contexto de 1956 é particularmente relevante devido à denúncia dos crimes de Stalin no 20º Congresso do Partido Comunista da URSS e à repressão violenta da revolução húngara.
O filme aborda a incerteza política de personagens como Ennio (Silvio Orlando) e sua assistente Vera (Barbara Bobulova), que possuem visões divergentes sobre a linha a ser seguida pelo partido, enquanto Giovanni utiliza esse tempo de suspense para construir uma comédia política e moral, expondo sua visão de mundo e concepção de cinema. A obra também destaca a ética e estética do cinema, além de trazer frescor ao mesclar diferentes gêneros cinematográficos.
Ademais, a relação com o cinema é explorada de diversas formas, incluindo referências a obras consagradas e um debate sobre a violência no cinema com a participação de figuras reais. Moretti reafirma sua fé na imaginação e na arte das imagens ao reescrever a história de acordo com seu desejo, combinando temas como crise conjugal, parcerias internacionais e momentos de puro prazer de filmar.
Em suma, “O melhor ainda está por vir” se destaca por sua amplitude e sua capacidade de provocar reflexões sobre a política, a ética e a estética do cinema, sem perder o prazer e a liberdade criativa na produção cinematográfica.
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