Ao longo da história, é alarmante ver como algumas nações negligenciam a preservação de sua cultura e patrimônio. Felizmente, estamos começando a retomar o caminho certo após um período obscuro de falta de apoio federal a atividades essenciais nesse sentido. A Cinemateca Brasileira desempenha um papel crucial quando se trata da preservação da nossa riqueza audiovisual. Recentemente, a instituição anunciou uma conquista significativa: a recuperação, catalogação e digitalização de 1.785 filmes de sua coleção em nitrato de celulose, que é a parte mais antiga e frágil do acervo da Cinemateca. Esses filmes representam os primeiros títulos da cinematografia brasileira e agora estão devidamente salvaguardados para serem disponibilizados em breve, graças ao projeto Viva Cinemateca.
Hugo Barreto, diretor-presidente do Instituto Cultural Vale, ressalta a importância da parceria com a Cinemateca desde 2020. Eles trabalham juntos para garantir a sustentabilidade e modernização do espaço, bem como a proteção do valioso acervo de filmes em nitrato de celulose, que é um tesouro inestimável que retrata a identidade brasileira.
A coleção de filmes recuperados inclui peças únicas que antes estavam em outras instituições, como o raro “Barulho na Universidade” (1943) de Watson Macedo, anteriormente considerado perdido. Entre os destaques, está o documentário mais antigo do acervo, “Cerimônias e Festa da Igreja em S. Maria” (1909), e o filme “Amazônia e Rio Exposição” (1922), que apresenta imagens da região Norte do Brasil e da antiga capital federal, produzidas por Silvino Santos entre 1919 e 1926. Essas preciosidades agora estão disponíveis para serem apreciadas, incluindo uma exibição especial de “Apuros de Genésio” (1940) no Festival de Filmes Silenciosos de Pordenone, em outubro.