Entenda as causas, identifique os sinais e corrija possíveis equívocos no ambiente profissional
É comum que muitos gestores encerrem o expediente sem compreender por que o tempo passou tão rapidamente e como ele foi utilizado. Se você se identifica com essa situação, sugiro como medida inicial avaliar o desempenho da sua equipe. Você conta com profissionais talentosos, dedicados e qualificados, ou passa parte do seu dia supervisionando e orientando colaboradores com baixo desempenho?
É importante ressaltar que uma contratação malfeita resulta em diversos prejuízos para a empresa, muitas vezes passando desapercebidos no dia a dia e minando silenciosamente o negócio. Destaco três consequências:
- Produtividade da equipe – Ter um colaborador que não realiza suas funções com a eficiência e rapidez necessárias afeta o desempenho de toda a equipe ao final do dia.
- Engajamento dos colaboradores – Quando é preciso assumir as tarefas de um colega com desempenho inadequado, os demais membros da equipe tendem a se sentir sobrecarregados e incomodados.
- Custos financeiros – Em caso de demissão do funcionário, será necessário investir novamente em um processo de seleção e, em algumas situações, em treinamento. Sem mencionar os gastos com o desligamento.
Por que ocorrem contratações equivocadas?
O sucesso de uma empresa sempre dependerá das pessoas que nela trabalham. Por isso, destaco a importância de enxergar a contratação como parte da estratégia do negócio, com a participação das pessoas certas no processo. Quando a liderança compreende esse conceito, torna-se mais difícil ocorrer falhas durante o recrutamento, causadas por:
- falta de foco nos requisitos específicos da função;
- técnicas de entrevista pouco eficazes;
- falta de candidatos qualificados; e
- decisões precipitadas.
Sete indícios de uma contratação equivocada
É importante salientar que ninguém contrata com intenção de cometer erros. Às vezes, circunstâncias cotidianas levam o gestor a essa situação. O equívoco pode ser percebido, principalmente, quando o profissional:
- Gestiona o próprio tempo de forma inadequada, descumprindo prazos e compromissos;
- Não considera as estratégias da empresa ou o bem comum da organização;
- Mistura excessivamente vida pessoal e profissional;
- Encontra dificuldades para se adaptar ao ambiente ou à equipe;
- Expressa frequentemente insatisfação em relação a clientes, colegas e parceiros;
- Não conclui as tarefas conforme as especificações; e
- Não colabora com o restante da equipe.
Como corrigir uma contratação equivocada
Em minha opinião, a demissão nem sempre deve ser a primeira medida diante de uma contratação malfeita. Tanto a empresa quanto o profissional investiram tempo, expectativas e recursos nessa relação. Exceto em casos raros, minha recomendação é que, antes de optar por demitir o colaborador, o gestor:
- Analise minuciosamente a situação – Verifique se o profissional compreende plenamente as demandas de trabalho e se o processo de integração foi conduzido adequadamente. Em muitos casos, trata-se apenas de um período de adaptação. Certifique-se de que o colaborador tenha os recursos necessários para desempenhar suas funções. Designar um profissional mais experiente para orientar e motivar esse colaborador também pode ser útil.
- Considere uma realocação – Normalmente, os pontos fortes de um profissional se destacam quando ele está envolvido em uma tarefa relacionada às suas paixões, interesses e talentos. Portanto, caso haja oportunidade, pense na possibilidade de realocar o colaborador para outra função na mesma área ou em outro time.
Se nenhuma dessas medidas resolver o problema, talvez a demissão seja a saída. Contudo, é essencial conduzir esse processo de forma humanizada e transparente, realizando uma entrevista de desligamento que permita ao colaborador se expressar e oferecer informações para seu desenvolvimento pessoal e profissional.
É importante ressaltar que, na maioria dos casos, os gestores reconhecem que a contratação equivocada ocorreu pela falta de atenção durante o processo seletivo. Portanto, não subestime a descrição da vaga, ofereça um salário competitivo de mercado e estruture o recrutamento de acordo com as necessidades do mercado e da sua empresa, levando em consideração as expectativas dos candidatos. Para cargos mais estratégicos, processos sigilosos ou perfis específicos, considere contratar um parceiro especializado em recrutamento.
Como disse Robert Half, fundador da empresa onde trabalho, “a melhor pessoa que você entrevista nem sempre é a melhor para a vaga disponível”. Estratégia é fundamental. E eu concordo plenamente com essa afirmação.
por Fernando Mantovani, diretor geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar