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Vida em um tanque de vidro – Instituto Moreira Salles

Este artigo trata do filme “Mal viver”, do cineasta João Canijo, que é a primeira parte de um díptico completado por ‘Viver mal’. As duas partes foram exibidas no festival de Berlim, onde “Mal viver” ganhou o prêmio do júri. A história se passa em um hotel no balneário de Ofir, no norte de Portugal, onde o primeiro filme se concentra nas cinco mulheres de três gerações que administram o local, enquanto o segundo foca nos hóspedes do hotel.

As cenas e diálogos são retomados a partir de diferentes ângulos e focos, complementando e expandindo a narrativa. A estrutura narrativa de cada filme é fragmentada, elíptica e lacunar, desafiando o espectador a interpretar os dramas das personagens a partir de conversas entreouvidas, ações truncadas e enquadramentos obstruídos.

Em “Mal viver”, a dinâmica das cinco mulheres revela uma rede de afetos tirânicos, destacando a dificuldade de entendimento e as manifestações de desamor entre mãe e filha. O filme retrata a dor da relação materna e a dificuldade em perdoar, usando a peculiaridade linguística da palavra “magoar” para expressar essa ideia.

O diretor desenvolve esse jogo dramático como um caleidoscópio, desafiando o espectador a participar ativamente na construção da história. Ainda, a iluminação e a paleta cromática do filme reforçam esse efeito, criando um ambiente misterioso e incompreensível. Esses elementos se combinam para criar uma obra extraordinária que promove uma experiência única para cada espectador.

https://ims.com.br/blog-do-cinema/mal-viver-por-jose-geraldo-couto/