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Ataque de Israel é encerrado e Irã relata danos limitados

BRUNO MENEZES
PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS) – As Forças Armadas de Israel comunicaram neste sábado (26) que deram por finalizada sua ação retaliatória contra o Irã. O governo de Teerã, por sua vez, declarou que os prejuízos nas bases militares foram controlados e ainda não informou sobre possíveis vítimas.

 

Com isso, os adversários nesse cenário de conflito no Oriente Médio indicam que não desejam uma escalada incontrolável da situação. Tel Aviv alertou os iranianos para não reagirem, sob risco de serem alvos de mais ataques.

“Baseada em racionalidade, a Força Aérea atingiu instalações relacionadas à produção dos mísseis que o Irã lançou contra o Estado de Israel ao longo do último ano”, afirmou o porta-voz das forças israelenses, almirante Daniel Hagari.

“Caso o regime do Irã cometa o equívoco de iniciar uma nova fase de escalada, seremos obrigados a responder”, acrescentou.

A ação de Israel foi uma retaliação ao bombardeio com mais de 200 mísseis realizado por Teerã em 1º de outubro. Esse foi o segundo ataque promovido pelos iranianos contra seu arquirrival regional, seguindo uma outra série de lançamentos de drones em abril. Na primeira ocasião, Israel respondeu de forma branda, atingindo áreas próximas às instalações nucleares do regime iraniano. Agora, havia grande expectativa sobre os alvos escolhidos pelo primeiro-ministro Binyamin Netanyahu.

Os Estados Unidos pressionaram fortemente para evitar uma ação que poderia comprometer o programa nuclear iraniano ou causar instabilidade na indústria de petróleo do país, que é a base de sua economia.

Ao mesmo tempo, deram total apoio a Israel ao movimentar tropas para a região do Oriente Médio e até realizaram um ataque de teste com bombas destruidoras de bunkers contra os rebeldes pró-Irã no Iêmen.

Aparentemente, a estratégia funcionou. Ainda há muitas informações desconexas sobre o que de fato ocorreu no terreno, mas tudo indica que Israel atingiu bases militares e unidades responsáveis pela fabricação de mísseis.

Avoidndo alvos civis ou econômicos, a resposta foi proporcional ao ataque inicial no mês. A minimização da operação israelense pela resposta iraniana pode ser interpretada como um apelo à calma, embora isso não seja totalmente claro.

Segundo a agência estatal Irna, foram atingidos centros militares nas províncias de Teerã, Khuzestão e Ilam. A capital e a cidade de Karj foram os locais mais afetados pelos ataques, que, de acordo com o relato, causaram danos limitados.

O ataque teve início por volta das 2h (19h30 de sexta-feira, 25, em Brasília) e durou cerca de três horas, em ondas. Caças F-15 foram utilizados, em quantidade ainda desconhecida, e Hagari afirmou que retornaram às suas bases sem danos. O Irã, por sua vez, informou que os aviões não chegaram a adentrar seu espaço aéreo, disparando mísseis de longa distância.

O espaço aéreo comercial foi fechado pelo Irã até o início da manhã seguinte, quando voos para e a partir do país, assim como rotas que passavam por ele, foram liberados.

Os Estados Unidos, apoiadores de Israel, informaram que não participaram diretamente do ataque, apesar de fornecerem suporte logístico a Tel Aviv. Segundo a agência Reuters, citando uma fonte de forma anônima, a ação foi descrita como “precisa e abrangente”.

A Arábia Saudita, rival do Irã, criticou o que chamou de “violação de soberania” por parte do Estado judeu. O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, manifestou apoio à resposta israelense, mas pediu que ambas as partes agora se contenham.

ATAQUE DO HAMAS DESPERTOU CONFLITO
O ataque é o mais recente capítulo de um conflito iniciado quando o grupo terrorista palestino Hamas lançou o grande ataque em 7 de outubro de 2023 contra Israel, resultando na morte de 1.170 pessoas e no sequestro de mais de 250.

Com isso, uma situação complexa se iniciou, e o controverso Netanyahu usou a comoção nacional a seu favor, dando início a uma guerra punitiva que recebeu apoio político da ala mais radical, que busca um confronto regional mais amplo contra todos os grupos apoiados por Teerã, semelhante ao Hamas.

O Hezbollah libanês e os houthis iemenitas se envolveram em conflitos secundários em apoio ao Hamas, com tensão particularmente forte na fronteira norte de Israel, levando 60 mil pessoas a deixarem suas casas.
Do lado israelense, a Faixa de Gaza foi devastada, território que era controlado pelo Hamas desde 2007, com a morte de seu líder, Ismail Haniyeh, no Irã, e de seu sucessor, Yahya Sinwar, juntamente com a maior parte de seu comando. Nesse processo, Israel foi acusado de cometer crimes de guerra pela morte de quase 43 mil palestinos.

Tel Aviv também direcionou seus ataques ao Hezbollah, o maior aliado militar da política iraniana de utilizar representantes contra os interesses israelenses e americanos no Oriente Médio. O líder histórico, Hassan Nasrallah, foi morto, suas posições foram bombardeadas extensivamente e o sul do Líbano foi invadido mais uma vez.

O Irã se envolveu diretamente nos dois ataques com mísseis, em resposta à morte de militares e aliados, mas, de maneira geral, tem evitado escaladas. A fragilidade do regime foi um dos motivos, visto que o presidente Ebrahim Raisi, possível sucessor do líder supremo Ali Khamenei, morreu em um estranho acidente de helicóptero.

O país enfrenta dificuldades econômicas e conflitos sociais, como os recentes protestos após a morte de uma jovem que havia sido presa por não seguir as regras islâmicas consideradas adequadas pelas autoridades.

https://gazetadesorocaba.com/israel-encerra-ataque-e-ira-diz-que-danos-foram-limitados/