No final desta sexta-feira (15), dezenas de indivíduos participaram do debate intitulado “O Legado dos Irmãos Villas-Bôas”, que contou com a presença da viúva de Orlando Villas-Bôas, Marina Lopes de Lima Villas-Bôas, e da educadora Regina Fonseca, responsável pelo Espaço Toca da Raposa, realizado no Palacete de Cristal do Jardim Botânico “Irmãos Villas-Bôas”. Esse evento especial marcou o décimo aniversário desse local icônico em Sorocaba, bem como o Dia dos Povos Indígenas (19 de abril).
Inaugurado em 15 de março de 2014, o Jardim Botânico de Sorocaba recebeu seu nome em homenagem aos irmãos Orlando, Cláudio e Leonardo Villas-Bôas, renomados indigenistas responsáveis pela criação do Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso, em 1961, um território de enorme relevância histórica e ecológica no Brasil, lar de 16 diferentes etnias indígenas.
O evento foi organizado pela Prefeitura de Sorocaba, através da Secretaria do Meio Ambiente, Proteção e Bem-Estar Animal (Sema), com o apoio das secretarias de Mobilidade (Semob), Serviços Públicos e Obras (Serpo) e Comunicação (Secom), além do Espaço Toca da Raposa, da Construtora Planeta, do Ibis Budget Sorocaba e do Conselho Municipal de Turismo de Sorocaba (Comtur). A intenção era destacar a contribuição desses indigenistas para a preservação da biodiversidade e proteção dos povos indígenas.
“O Jardim Botânico de Sorocaba é o resultado de muitos sonhos, empenho, trabalho duro e persistência, tudo isso motivado pela crença em um futuro melhor para nossa cidade, nosso estado e nosso país”, ressaltou Clebson Ribeiro, engenheiro agrônomo da Sema, durante a abertura do debate.
A equipe técnica da Sema, representada por Camila Alvares, fez uma breve introdução sobre a trajetória dos irmãos Villas-Bôas antes de agradecer a todos os envolvidos na organização do evento. “É uma grande alegria estar presente neste momento tão especial, que me emociona profundamente. É uma honra estar ao lado de Marina e Regina e poder abordar a história dos irmãos Villas-Bôas e seu legado, algo que faltava e que finalmente estamos celebrando neste aniversário de 10 anos do Jardim Botânico”, afirmou a servidora, responsável pela Educação Ambiental do espaço.
Marina Lopes de Lima Villas-Bôas foi a primeira mulher a residir e trabalhar no Parque Indígena do Xingu em 1963, onde dedicou 15 anos de sua vida ao combate de doenças como malária e leishmaniose. Por outro lado, Regina Fonseca promove a cultura da etnia Kuikuro, a mais numerosa no Alto Xingu, situada na parte sul do território indígena, além de se envolver na preservação da fauna silvestre na Toca da Raposa.
No decorrer do evento, Marina compartilhou sua experiência ao lado dos irmãos Villas-Bôas no Xingu, falando sobre os aprendizados, desafios e curiosidades, como a alimentação e o uso de recursos naturais, como raízes medicinais. Ela enfatizou que um dos principais ensinamentos que adquiriu no Xingu foi a arte de viver com simplicidade.
Por sua vez, Regina contou um pouco sobre a história dos irmãos Villas-Bôas e sua experiência na Toca da Raposa, onde desenvolve um projeto de difusão cultural há três décadas. “Conhecer o Xingu foi uma experiência extremamente emocionante, depois de se tornar mãe. Eu estava tão maravilhada que só conseguia chorar, sem conseguir articular uma palavra. Eles foram incrivelmente gentis e cuidadosos comigo”, compartilhou. Além das narrativas do Xingu, ela abordou seu trabalho na Toca da Raposa e aspectos da cultura Kuikuro. Ao final, o público teve a oportunidade de fazer perguntas às convidadas.
Sobre o Jardim Botânico de Sorocaba
Estabelecido em uma área de aproximadamente 70 mil metros quadrados como área de proteção permanente no Jardim Dois Corações, o Jardim Botânico possui uma vegetação que transita entre o Cerrado e a Mata Atlântica. Seu principal propósito é proteger e preservar as espécies locais e regionais de flora, além de servir como espaço de lazer, cultura, pesquisa acadêmica e educação ambiental.
O Palacete de Cristal é o edifício principal, com uma estrutura de vidro e metal em uma área de 500 metros quadrados. Inspirado nos Palácios de Cristal de Londres, de Petrópolis e de Curitiba, abriga jardins internos com plantas do Cerrado, Floresta Tropical, zonas áridas e um Jardim Japonês, onde acontecem eventos e exposições.
O Jardim Botânico também inclui três prédios adicionais (Portaria, Administração e Salão Multiúso, com espaço para Biblioteca, Herbário e Auditório), Orquidário, Jardim Sensorial de plantas medicinais, trilhas, lagos, alamedas e fragmentos de vegetação nativa.
Ao passear pelas alamedas, os visitantes podem explorar a Coleção de Árvores Brasileiras, com mudas de várias espécies arbóreas nativas plantadas a partir de 2014. Diversas árvores representativas de todas as regiões do Brasil, como seringueiras, angicos, ipês, pau-brasil, entre outras, compõem essa coleção.
O Jardim Botânico também abriga uma Coleção de Bambu, localizada em uma área externa no Quintais do Imperador, que conta com cerca de 60 espécies de bambu, entre nativas e exóticas. Essa coleção foi integrada ao acervo em 2019 e faz parte de iniciativas para promover o potencial do bambu e avançar no conhecimento sobre essas plantas, visando impulsionar sua produção na região e o desenvolvimento de tecnologias relacionadas.
O Jardim Botânico está situado na Rua Miguel Montoro Lozano, 340, no Jardim Dois Corações, aberto de terça a domingo, das 9h às 17h. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone: (15) 3235-1130 ou pelo e-mail: [email protected].