SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Depois de 25 anos desde a estreia de “Família Soprano”, famosa série sobre familiares mafiosos em Nova Jersey, nos Estados Unidos, o roteirista David Chase criticou executivos e afirmou que a era de ouro da televisão acabou.
Em uma entrevista ao The Times, o autor descreveu o último quarto de século como um período excepcional para dramas mais complexos e ambiciosos. “Estou falando também sobre muitas outras pessoas extremamente talentosas por aí pelas quais sinto cada vez mais pena”, disse.
De acordo com ele, considerando uma audiência cada vez mais dispersa, os executivos pedem produções mais simples e chegaram a alertá-lo para não fazer televisão que “exija que o público se concentre”.
Ele ainda acrescentou que, apesar de comemorar o 25º aniversário da série que foi um marco nas produções de TV, o momento não é de celebração. “Talvez devêssemos encarar como um funeral”, disse.
Programas elogiados pela crítica, como foi o caso de “Família Soprano”, “Breaking Bad” e “Mad Men”, segundo Chase, não são mais encomendados nos dias de hoje.
Por exemplo, ao trabalhar com a roteirista Hannah Fidell, eles tentaram desenvolver um programa sobre a vida de uma prostituta de luxo e, após várias reuniões, foram informados de que o programa era muito complexo para o público. “Me disseram para simplificar”, afirmou Chase.
Um dos desafios é captar a atenção do espectador. “À medida que avançamos, estamos cada vez mais envolvidos em multitarefas”, acrescentou.
E este clima o faz lembrar do final dos anos 1990, quando “Família Soprano”, antes de ser aceita pela HBO, foi rejeitada por outras emissoras. “Naquela época, o processo era repulsivo. Nas reuniões, sempre pediam para tirar a única coisa que tornava um episódio digno de ser feito. Eu deveria ter desistido”, disse ele.
Chase ainda criticou os executivos de serviços de streaming que, para ele, estão em uma situação pior do que a da televisão. “Não podemos fazer nada que faça muito sentido e que exija concentração. E para o streaming está piorando. Estamos voltando ao ponto em que estávamos”.
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