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Brasil lidera ação contra piratas na batalha do mar Vermelho

Na cidade de São Paulo, a Marinha do Brasil assumiu o comando de uma força-tarefa multinacional contra a pirataria na região do mar Vermelho e golfo de Áden, palco de tensões na guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, onde rebeldes houthis do Iêmen atacam navios mercantes e militares.

Essa ação é parte da CTF (Força-Tarefa Combinada), uma das cinco em operação sob o comando das CMF (Forças Marítimas Combinadas), maior coalizão naval do mundo, criada em 2001 para lidar com pirataria, terrorismo, crimes transnacionais e ameaças à navegação no golfo Pérsico, mar Vermelho e águas adjacentes. O CMF é sediado no Barhein e se baseia em resoluções da ONU.

O Brasil tem pela terceira vez o comando rotativo da força, que dura de três a seis meses. Mas a situação atual é mais tensa e perigosa do que em ocasiões anteriores, em 2021 e 2022.

Segundo o contra-almirante Antonio Braz de Souza, “A CMF é uma coligação de interesses, não prescreve nível específico de participação de qualquer membro e seus elementos subordinados, como a CTF-151, e não pode participar em conflitos armados”, porém, na prática, o cenário atual alterou essa dinâmica das operações.

Adicionalmente, “Porém, a partir do início do corrente conflito no Oriente Médio, têm sido verificados diversos incidentes de pirataria, não apenas nas proximidades da costa da Somália, mas também em locais situados a mais de 1.000 km dessa região, no mar Arábico”, relatou o militar. O Brasil, entretanto, não está presente com navios.

Os dois navios da CTF-151 transportam helicópteros, e o Japão tem uma aeronave de reconhecimento na região. Países como a China também operam na área.

Essa atuação conjunta com outras marinhas é uma oportunidade para o Brasil, que está em um momento de transição na Marinha. A Força aposta nos novos navios do tipo, a classe Tamandaré, cuja primeira das quatro unidades prevista deve ir ao mar em 2025. O programa consumiu cerca de R$ 5,3 bilhões, já corrigidos, de 2021 para cá, segundo o sistema de acompanhamento orçamentário do Senado.

Para o Brasil, é uma oportunidade de agir em conjunto com outras marinhas, mais acostumadas com ambientes difíceis. “Um bom desempenho pode contribuir para a dissuasão de iniciativas hostis contra o Brasil”, particularmente a pirataria, afirma o almirante.

A função de patrulha de segurança marítima da CFM na área do mar Vermelho está a cargo de outra força-tarefa, a CTF-153, hoje sob comando dos EUA. Ela age, segundo Braz de Souza, em coordenação com a Operação Guardião da Prosperidade, criada pelos americanos para lidar com a ameaça houthi.

O grupo pró-Irã apoia o Hamas na guerra e tentou atacar sem sucesso o sul de Israel algumas vezes. A partir de novembro, direcionou seus esforços contra navios mercantes que diz serem ligados ao Estado judeu. A disrupção do tráfego numa área que concentra 15% do comércio marítimo do mundo levou à intervenção internacional.

Com o bombardeio de posições houthis pelos EUA e pelo Reino Unido, os rebeldes passaram a mirar diretamente também as embarcações militares dessas nações.

https://gazetadesorocaba.com/brasil-comanda-forca-contra-piratas-na-guerra-do-mar-vermelho/